🌿 Jornada Mundial dos Pobres: um encontro de fé, resistência e esperança na Comunidade Quilombola Ilha Mercês
- Pastoral da Saúde AOR

- 11 de nov.
- 3 min de leitura

Na manhã ensolarada em que chegamos à Comunidade Quilombola Ilha Mercês, no município de Ipojuca (PE), fomos recebidos com um sorriso aberto, café partilhado e palavras cheias de fé. A hospitalidade do povo quilombola é, por si só, uma lição de Evangelho vivo: acolher é servir com o coração.
A visita fez parte das atividades da Jornada Mundial dos Pobres 2025, que neste ano tem como tema: “Tu és a minha esperança, ó Senhor Deus” (Sl 71,5), e lema: “Chamados a criar novos sinais de esperança.” Levamos conosco a missão de escutar, aprender e caminhar junto com uma comunidade que, mesmo diante de tantas provações, segue firme, com o coração cheio de fé e o olhar voltado para o futuro.

✨ Uma história marcada pela resistência e pela fé
A Ilha Mercês é um território de memória, ancestralidade e luta. Em 1992, a antiga usina sucroalcooleira da região foi desapropriada e a área passou a pertencer à empresa pública Suape. Desde então, a comunidade enfrenta grandes desafios — remoções forçadas, indenizações injustas e restrições ao direito de plantar e reconstruir suas casas.Os moradores, que sempre viveram da pesca artesanal e da agricultura de subsistência, viram seu modo de vida ser profundamente afetado. Mesmo assim, não desistiram. Em 2016, receberam o Certificado da Fundação Cultural Palmares, reconhecendo oficialmente o território como quilombola. Essa conquista foi um marco de dignidade e coragem.

🌳 O Baobá: símbolo de força e resistência
Durante a visita, paramos diante de um enorme Baobá, árvore centenária que se ergue imponente no coração da comunidade.Ali, de mãos dadas ao seu redor, oramos em silêncio. Aquele momento foi mais do que simbólico: foi um abraço à história.O Baobá é, para o povo de Mercês, um sinal da presença de Deus que permanece, mesmo quando os ventos da injustiça sopram forte. Ele representa a resistência, a vida que renasce e a fé que não se dobra.
“Assim como o Baobá resiste ao tempo e à seca, o povo quilombola resiste à opressão e floresce na esperança.

💧 O rio que voltou a correr
Visitamos também o Rio Tatuoca, que por quatorze anos esteve bloqueado por intervenções indevidas, causando sérios prejuízos à pesca e à natureza local. Com a recente reabertura parcial do rio, fruto de muita luta da comunidade e do apoio de órgãos públicos, a água voltou a correr — e com ela, renasceu a esperança.Os moradores contam com emoção que voltaram a ver peixes e caranguejos nos manguezais, e que o rio, antes silencioso, voltou a cantar com o som da vida.

⛪ Fé, partilha e esperança
Encerramos nossa visita na pequena Igrejinha de Mercês, um espaço simples, mas cheio de presença divina. Ali rezamos juntos pela paz, pela justiça e pela perseverança desse povo querido.A Jornada Mundial dos Pobres nos recorda que a fé se concretiza na escuta e no encontro. Estar ali foi viver o Evangelho com os pés descalços da realidade, tocando as dores e as esperanças de quem luta por dignidade.

💗 Um compromisso que continua
A Pastoral da Saúde reafirma seu compromisso de caminhar junto à Comunidade de Mercês. Queremos ser presença amiga, solidária e transformadora — ser o Bom Samaritano que se aproxima e cuida, levando não apenas auxílio material, mas também escuta, oração e amor fraterno.
O Papa Leão XIV nos lembra:
“Os pobres são os mestres que nos ensinam o verdadeiro caminho da esperança.”
E foi isso que aprendemos em Mercês: que a esperança é mais forte que qualquer muro, que a fé é mais profunda que qualquer rio bloqueado e que o amor é a raiz que sustenta a vida — como o Baobá, de pé, diante de tudo.




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